Literacia financeira: Como ensinar as crianças a poupar e investir
01.06.2022As crianças devem ter noção do valor do dinheiro e das vantagens de poupar e investir.
Aproveitando o Dia Mundial da Criança, focamo-nos neste artigo na literacia financeira das crianças e jovens, e explicamos porque é importante ensinar as crianças a poupar desde cedo e investir mais tarde.
Antes de mais, um pouco de enquadramento. O Dia Mundial da Criança é celebrado desde 1950, após o congresso da Federação Democrática Internacional das Mulheres que teve lugar em Paris, explica o Eurocid. Portugal adotou-o com o objetivo de sensibilizar para os direitos das crianças para a necessidade de promover uma melhoria das condições de vida. Celebra-se, em terras lusas, no dia 1 de junho.
No entanto há outras efemérides ao longo do ano com objetivo da defesa dos mais novos, sendo que o Dia da Criança é celebrado em diferentes datas por todo o mundo. Por exemplo, no Brasil, celebra-se o Dia Universal da Criança, a 20 de novembro, data que assinala a aprovação da Declaração dos Direitos da Criança, pela ONU, em 1959; e a adoção pela também pela ONU, da Convenção dos Direitos da Criança, em 1989, e ratificada por Portugal a 21 de setembro de 1990.
Posto isto, vamos ao que interessa.
Transmitir comportamentos responsáveis em matéria de poupança e de investimento às crianças
Porque é importante envolver as crianças e ensiná-las a ter comportamentos responsáveis em matéria de poupança e de investimento?
É uma obrigação dos pais e tutores preparar as crianças para o futuro. É preciso brincar, estudar, mas além disso, também é necessário preparar os mais jovens para assuntos incontornáveis que irão enfrentar na sua vida adulta. É uma soft skill que deve ser incutida desde tenra idade.
Para ajudar os pais nesta tarefa, Desde há alguns anos, a literacia financeira e para o consumo foi incluído nos currículos escolares. Saiba o que é e como funciona esta iniciativa para a cidadania nas escolas.
1. Como apoiar a educação financeira dos mais jovens?
Nada melhor que dar o exemplo. As crianças mais pequenas copiam os comportamentos dos pais e naturalmente, se os pais têm uma boa relação com o dinheiro, isto é, se fazem um orçamento e o gerem adequadamente para cumprir com os seus compromissos, poupar e/ou investir. Acabam por ir falando sobre o assunto com os mais novos.
É fundamental que, desde cedo, as crianças aprendam a distinguir quais as despesas indispensáveis e as que não são, a comparar os preços dos produtos, bem como conhecer as vantagens de poupar.
2. Como criar desafios de poupança para os seus filhos?
Deve conversar com as crianças sobre dinheiro, como dizem os antigos, explicar-lhes que «o dinheiro não nasce nas árvores» e que é preciso trabalhar para o receber em retorno.
E a brincar também se aprende. Se uma criança a partir dos 3 ou 4 anos quer muito um brinquedo caro e supérfluo, desafie-o a poupar para esse objetivo. Dê-lhe um mealheiro, de preferência transparente, para ela ir vendo a altura a aumentar e proponha comprar o brinquedo quando a criança juntar parte ou a totalidade do valor. Proponha o cumprimento de pequenas tarefas para ajudar o dinheiro crescer. Vai ver que se faz magia.
Deste modo, as crianças compreendem a importância de poupar para conseguir aquilo que mais gostam ou aspiram.
3. É benéfico atribuir uma semanada ou mesada?
É benéfico a partir de determinada idade. Pode começar, por exemplo, por dar um valor simbólico às crianças até por volta dos 8/9 anos. Pode ser cinquenta cêntimos (se for em várias moedas eles ainda ficam mais felizes) por semana. Eles terão de aprender a gerir esse montante para satisfazer as suas necessidades, como cromos, rebuçados ou algum brinquedo. E deve ir sendo ajustando quer o valor quer a periodicidade ao longo do tempo. Crianças do 3º ciclo poderão ter uma mesada e daí em diante, vão certamente tentar negociar, a toda a hora, um aumento.
Tudo isto permite conversar sobre dinheiro, algo que deve ser encarado com normal e passar a mensagem que é preciso ganhar ou merecer o dinheiro para depois poder pagar os bens e serviços necessários.
4. Como posso incutir aos meus filhos os princípios do consumo inteligente?
Aqui falamos de mais que literacia financeira. As crianças devem compreender que a publicidade visa criar o desejo, mas que pode haver alternativas mais económicas ao anunciado. É mais fácil dizer que fazer, mas a partir dos 8/9 anos é fundamental explicar que se devem comprar os preços com base no preço, no tamanho e na qualidade.
Atualmente, nas prateleiras os preços são apresentados por embalagem, mas também apresentam um valor que permite a comparação com outros produtos similares. Por exemplo, os sumos, têm o preço por litro, o papel higiénico o preço por rolo e os frescos apresentam o preço por quilo. Chame a atenção dos seus filhos para esse facto. Até pode ser um jogo no supermercado: pedir às crianças para encontrar o preço mais baixo por unidade de algum produto, por exemplo das pastilhas elásticas ou, se quiser ser mais abrangente na educação, dos pacotes de detergente.
5. A criança deve participar ativamente na gestão do orçamento familiar?
Sim, num primeiro momento, a criança deve partilhar a sua opinião sobre os objetivos a traçar no orçamento familiar. Pode ser uma viagem ou uma grande festa em casa.
Também no dia-a-dia as crianças (dos 9 aos 12) podem estar envolvidas, por exemplo, na elaboração da lista de compras. Deste modo, ao questioná-las se tal produto é mesmo necessário, elas vão assimilando o que são bens essenciais e supérfluos. Podem também ajudar a identificar se é mesmo necessário acrescentar determinado item à lista ou se ainda há que chegue em casa.
Uma ideia que resulta para envolver a criança na poupança da família é, por exemplo, desafiá-la a baixar a conta da água, da luz ou do gás. Nesta fase, poderá até estabelecer um concurso de poupança em relação às faturas da água, luz e gás. Se a criança apagar as luzes, fechar as torneiras, etc. e se o valor das faturas baixar poderá ter direito à diferença poupada.
6. Como explicar que o dinheiro virtual também é dinheiro e provem da mesma origem, do trabalho?
Com a proliferação num primeiro momento de cartões de crédito e débito e mais recentemente de múltiplos meios de pagamento digitais, os desafios em torno da educação financeira das crianças tornaram-se mais complexos e exigentes.
Sem ver o dinheiro (notas e moedas), deixa de haver a noção do dinheiro palpável e facilmente as crianças acham que há mais dinheiro disponível do que na realidade.
É preciso frisar quantas vezes quanto possível, de forma pedagógica, que apesar de não se ver de onde vem, não é do céu que ele cai.
7. É importante explicar conceitos como juros e contas poupança?
Sim, sempre que possível, a partir dos 9 anos é altura de começar a transmitir essa informação. Se começarem a pedir um tablet ou uma consola de jogos, a família pode criar uma estratégia de poupança conjunta, que envolva uma conta poupança remunerada com juros.
Parte do valor pode ser proveniente da semanada/mesada, de tarefas que se combinaram ser pagas, e, claro, do orçamento da família.
8. Deve-se explicar o peso que tem o crédito nas contas familiares à criança/jovem?
Se tiver algum crédito – à habitação, automóvel, pessoal –, deve explicar aos jovens, a partir dos 13 anos, que esse compromisso é prolonga-se no tempo e tem um peso mais ou menos relevante no orçamento familiar (leia o artigo que disponibilizamos sobre a taxa de esforço).
É altura também de explicar o valor do trabalho e aconselhar o jovem a ter pequenos trabalhos sazonais ou a tempo parcial para dar resposta às suas exigências de consumo cada vez mais elevado. Pode também remunerar tarefas que o jovem faça em casa para que compreenda o valor do dinheiro e do trabalho.
Resta-nos desejar-lhe um Feliz Dia da Criança e que em conjunto as famílias consigam atingir os seus objetivos financeiros.
Os franchisados da MaxFinance têm certamente mais ideias para partilhar consigo. Se precisar crédito à habitação ou para outro fim, porque não levar os seus filhos em visita de estudo às reuniões para que tomem contacto com a importância de comparar para comprar melhor.